O preço do milho em Mato Grosso, estado líder na produção da commodity, apresentou uma queda significativa nas últimas semanas, refletindo os desafios do mercado global e uma produção em retração. De acordo com o relatório do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), a paridade de exportação para o milho com vencimento em julho de 2025 registrou uma queda de 2,14%, fechando a semana em R$ 41,11 por saca.
Esse declínio reflete uma série de fatores, incluindo uma demanda global enfraquecida e as recentes oscilações do dólar. Com o aumento de 1,96% no preço futuro do dólar, o milho brasileiro perdeu competitividade no mercado externo, pressionando os preços para baixo. Além disso, a demanda de grandes importadores, como a China, tem se mostrado mais moderada, o que afeta diretamente as exportações de Mato Grosso, responsável por boa parte das vendas internacionais de milho do Brasil.
O impacto da queda no preço é agravado pela retração na produção do milho em Mato Grosso. O Valor Bruto da Produção (VBP) da agricultura no estado para 2024 foi revisado para baixo, com uma queda de 21,54% em comparação com 2023. Para o milho, que representa 23,31% do VBP agrícola estadual, a retração foi de 21,68%, resultando em um valor estimado de R$ 31,52 bilhões. Essa redução é em grande parte atribuída à queda de 10,15% na produção da safra 2023/24, que foi impactada por fatores climáticos adversos e uma menor produtividade.
A comercialização do milho também segue em um ritmo mais lento do que o esperado. Até outubro de 2024, 77,87% da safra 2023/24 havia sido negociada, enquanto a nova safra 2024/25 ainda está engatinhando, com apenas 15,54% comercializada. A incerteza em torno dos preços futuros está deixando muitos produtores cautelosos, aguardando melhores condições de mercado antes de fechar novos negócios.
Mato Grosso, que tem grande importância no cenário agrícola nacional, enfrenta agora um momento delicado. O superintendente do IMEA, Cleiton Gauer, alerta que o setor precisa de estratégias claras para mitigar os impactos das flutuações de mercado. “A queda nos preços está atrelada a uma série de variáveis, desde o cenário macroeconômico global até questões internas de produção. Isso exige que os produtores fiquem atentos às movimentações do mercado e às oportunidades de venda”, explica Gauer.
Apesar do cenário atual, o IMEA mantém uma perspectiva positiva para o setor de milho em Mato Grosso no longo prazo. O instituto projeta um aumento de 60,20% na área plantada até 2034, com uma expansão para 10,90 milhões de hectares, acompanhada de uma elevação na produtividade, que deverá alcançar 122,95 sacas por hectare. Com esses avanços, a produção total de milho no estado deve crescer 70,40% nos próximos dez anos, atingindo 80,38 milhões de toneladas na safra 2033/34.
Esse crescimento será impulsionado principalmente pela demanda crescente do mercado interno, especialmente das indústrias de etanol, que têm ampliado sua capacidade de processamento. No entanto, os produtores enfrentam desafios imediatos, como os altos custos de insumos e a necessidade de negociar 10,44 milhões de toneladas de milho ainda em estoque, segundo o IMEA.
> Leia notícias da cidade de Rosário Oeste - MT
Comentários: