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Sexta-feira, 20 de Setembro de 2024

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Estudo mostra origem de nomes de rios em Nobres

Grupo étnico do Brasil Central fazia escolhas incomuns ao nomear rios, lagos e montanhas

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Por Página1
Estudo mostra origem de nomes de rios em Nobres
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O município de Nobres, localizado a 122 Km de Cuiabá, revela através de sua hidrografia uma riqueza concentrada entre o léxico e o meio ambiente, evidenciando a profunda ligação entre o homem e a natureza. É o que mostra o artigo científico A hidrografia de Nobres: interfaces entre léxico e ambiente na toponímia de Mato Grosso.

O estudo trouxe à tona a complexidade da toponímia local, destacando como os nomes das correntes hídricas da região não apenas descrevem o ambiente físico, mas também preservam a memória cultural e linguística dos povos que habitam a área.

O município de Nobres possui uma vasta rede hidrográfica composta por rios, córregos, ribeirões, cachoeiras, cabeceiras, lagoas e lagos. Ao todo, são 135 acidentes hidrográficos nomeados, com destaque para os córregos, que representam 80,74% das correntes hídricas catalogadas. Esses elementos naturais desempenham um papel central na definição da identidade local, influenciando até mesmo a nomenclatura de fazendas, serras e atividades econômicas.

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De acordo com o estudo, 16% dos nomes de rios, lagos e córregos de Nobres são os chamados "zootopônimos", nomes de acidentes hidrográficos que se referenciam a animais. 

"Os zootopônimos e os ergotopônimos configuram-se como as taxes mais produtivas no âmbito do corpus pesquisado, os primeiros com 22 ocorrências (16,41%) e os segundos com 21 ocorrências (15, 67%). Em se tratando dos zootopônimos, foi identificada a presença das seguintes espécies de animais como fontes motivadoras dos topônimos: i) aves: Mutum, Pombas, Araras; ii) peixes: Traíra, Piraputanga, Cascudo; iii) mamíferos: Caititu; Onça, da; Onças, das; Égua, da; Porcas, das; Veadinho; etc.", diz trecho da pesquisa. 

 

Nomes de rios Nobres
CaSoeli Bento Clementi e Aparecida Negri Isquerdoption

 

A Influência Bororo nos Nomes de Rios, Córregos e Lagos

Um exemplo notável é o Rio Quebó, que não só denomina outras formações hidrográficas como ribeirões e córregos, mas também dá nome a serras, fazendas e até mesmo a uma agência de turismo. Essa multiplicidade de nomes derivados do mesmo rio ilustra como os elementos naturais moldam a linguagem e a cultura de uma região.

Os nomes atribuídos às correntes hídricas refletem em grande parte o ambiente físico, com uma predominância de zootopônimos (nomes derivados de animais) e fitotopônimos (nomes derivados de plantas). No estudo, foram identificados 79 topônimos de natureza física e 55 de cunho antropocultural, demonstrando uma interdependência entre o homem e o ambiente. Os zootopônimos, por exemplo, são frequentemente inspirados por espécies animais comuns na região, como o Mutum, a Traíra e a Sucuri.

Segundo o estudo, o uso de zootopônimos é uma característica e uma herança do idioma Bororo. Conforme a publicação, nenhuma outra etnia indígena brasileira possui tantos zootopônimos quanto o povo Bororo. 

"Os Bororo do Brasil Central costumam ser identificados por etnologistas e antropólogos como uma típica sociedade de caçadores. A presença marcante do animal para a nação indígena Bororo, ao analisar os nomes atribuídos por essa etnia a morros, rios, ancoradouros etc., evidenciando, de certo modo, ser a caça a atividade fundamental dessa sociedade indígena, o que se reflete na expressiva ocorrência de topônimos de índole animal na região em estudo. A mesma realidade se confirma nos designativos das correntes hídricas de Nobres/MT que apontam marcas da riqueza da fauna local", diz trecho do artigo. 

Preservação Linguística e Cultural

Outro ponto destacado na pesquisa é a preservação das línguas indígenas na toponímia de Nobres. Dos 134 topônimos analisados, 23,13% são de origem indígena, refletindo a influência das línguas tupi, guarani e bororo. Esses nomes indígenas estão muitas vezes associados à fauna, flora e hidrografia locais, perpetuando os estratos linguísticos dos povos autóctones da região.

FONTE/CRÉDITOS: Lázaro Thor/VGN
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