O marido da empresária que morreu após passar por seis procedimentos estéticos simultâneos afirmou que a mulher foi convencida pelo médico a realizar as cirurgias plásticas. O caso aconteceu em Sobral (CE).
Segundo Renan Santiago, a esposa, Viviane Lira Monte, de 24 anos, planejava realizar apenas duas cirurgias. “Ela foi para diminuir a mama e fazer uma lipoaspiração na barriga. Quando voltou da consulta, disse que faria mais coisas porque o médico fez um preço melhor e garantiu que tudo daria certo”, relatou Santiago à CNN.
A jovem foi diagnosticada com embolia pulmonar dias depois dos procedimentos e morreu após 22 dias de internação.
Pagamento em espécie
Segundo Renan, Viviane chegou a marcar consulta com outro especialista, mas desistiu. A jovem foi indicada ao cirurgião por uma amiga e, após fazer pesquisas na internet, ela optou por realizar os procedimentos com o médico.
Renan afirma que o especialista cobrou entre R$ 25 mil e R$ 30 mil, exigindo que o pagamento fosse feito à vista e em espécie. “Ela saiu de casa para realizar o sonho dela. O médico não quis receber por transferência bancária”, destacou.
Os procedimentos feitos pela empresária foram: mamoplastia redutora (redução de mama), lipoaspiração no abdômen, lipoaspiração nos braços, lipoaspiração nas costas, lipoaspiração no pescoço e lipoenxertia glútea. As cirurgias aconteceram no Hospital do Coração de Sobral, no dia 31 de agosto. A cirurgia terminou por volta das 20h e no dia seguinte, às 11h, Viviane recebeu alta por um médico plantonista.
“Já no dia da alta, ela estava muito fraca. O médico dizia que era normal e nós acreditamos”, explicou o marido. No dia seguinte, segundo ele, Viviane estava à beira do desmaio, com pressão baixa.
Após ser internada, a família foi informada da gravidade de seu estado. Renan lamenta que o médico só a tenha visitado uma vez na UTI. “No primeiro dia, ele foi ver. Depois, nos abandonou. Ficava só ligando para acalmar a gente, enquanto víamos ela morrer aos poucos. Foram 22 dias de sofrimento, sem uma boa notícia”, desabafou.
Embolia pulmonar
No dia 2 de setembro, já em casa, ela começou a sentir dores no estômago, passou mal, estava sem conseguir urinar. A jovem ainda teve outros sintomas, como desmaio e falta de ar. Familiares de Viviane entraram em contato com o cirurgião plástico, que recomendou que a levassem para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Ele já não estava mais na cidade de Sobral, conforme informações da família.
Na UPA, Viviane foi diagnosticada com embolia pulmonar, um quadro grave que tem início quando um um coágulo entope um vaso sanguíneo do pulmão, impedindo a passagem de sangue.
Os médicos da unidade também alertaram sobre a necessidade de transferência da jovem para a UTI do Hospital Regional Norte (HRN), devido à gravidade do quadro dela.
De acordo a família da vítima, o cirurgião plástico chegou a ir ao hospital no segundo dia de internação da jovem na unidade “e informou que a cirurgia havia sido um sucesso”.
“Após isso, [médico] viajou para o Rio de Janeiro, pois reside neste estado, mas disse que manteria contato com a equipe médica da UTI para ficar a par da situação”, disse a familiar de Viviane.
A empresária se manteve estável até o dia 25 de setembro, até ter uma piora do quadro e necessitar de uma cirurgia de urgência. Porém, antes de passar pelo procedimento, ela teve duas paradas cardíacas, foi entubada, mas não sobreviveu.
Ainda segundo os parentes, o cirurgião chegou ao hospital horas antes da mulher falecer, ligou para a equipe da UTI e depois saiu sem falar com os familiares da vítima.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Ceará informou que familiares de Viviane registraram um boletim de ocorrência sobre o caso, que está sendo investigado pela Delegacia Municipal de Sobral.
Negligência médica
Para a família de Viviane, houve negligência médica, pois ela já havia procurado outros profissionais e todos se recusaram a fazer esses procedimentos de uma vez só. No entanto, um médico aceitou.
“Ela tinha esse interesse de fazer cirurgia plástica e andou procurando alguns médicos. Esse médico que ela encontrou fazia coisas que os outros médicos disseram que não seria possível fazer tudo junto. Ela fez muitos procedimentos ao mesmo tempo. Ela pesquisou alguns outros médicos, mas eles se recusaram a fazer tantos procedimentos”, disse Ayrton Alcântara, amigo da vítima, ao g1.
Viviane completaria 25 anos na sexta-feira (27/9). Ela morreu um dia antes de fazer aniversário.
“Agora, depois de tudo o que aconteceu, a gente vê que nenhum médico faz tantos procedimentos de uma vez. E ele aceitou fazer. A gente não sabe ainda o que foi conversado com ela, qual sonho venderam, se houve um erro médico ou se foi uma fatalidade. O que a gente percebe é que nenhum outro médico faz tantos procedimentos de uma vez só o que reforça a nossa suspeita de que ele tenha sido imprudente, negligente e tenha, de certa forma, iludido ela de que isso daria certo”, comentou Ayrton.
Complicações após procedimentos
Segundo a família da jovem, Viviane foi piorando a cada dia. Ela tomou bolsas de sangue, teve infecção por bactéria e fungos. A cirurgia nos seios chegou a abrir e teve secreção nos braços. Na quinta-feira (26/9), ela faleceu.
Ainda de acordo com o marido, ela só perdeu a consciência no último dia, quando precisou ser entubada. “Todos os dias, ela falava com a gente, com a voz muito fraca e a respiração difícil. Ela sentia que estava morrendo. No último dia, piorou muito”, contou ele.
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