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Terça-feira, 15 de Outubro de 2024

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Com ‘doses’ de R$ 10 a R$ 500, há drogas para todas as classes

Sem uma rota de tráfico concreta, os sintéticos são mais caros

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Por Página1
Com ‘doses’ de R$ 10 a R$ 500, há drogas para todas as classes
Foto: OTMAR DE OLIVEIRA
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Os entorpecentes estão presentes em todas as classes sociais e as drogas sintéticas são as que mais têm gerado preocupação nas forças de segurança pública. Sem uma rota de tráfico concreta, os sintéticos são mais caros, podendo ter uma variação de mais de 400% em seu valor, quando comparado com entorpecentes mais comuns.

Eles são mais fáceis de serem escondidos, são entregues até na modalidade “delivery” e possuem um alto poder viciante, com efeitos mais agressivos ao usuário. Essa é a terceira reportagem da série “Caminhos obscuros: o mundo do vício”.

O delegado Wilson Cibulski, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) de Cuiabá, explica que as drogas mais comuns e apreendidas em Mato Grosso continuam sendo a cocaína e a maconha. A primeira entra no Estado a partir da fronteira com a Bolívia e, a segunda, por Mato Grosso do Sul, que faz fronteira com o Paraguai. Ambos os países são produtores das plantas que dão origem aos entorpecentes.

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Já a droga sintética vem de vários lugares. Cibulski explica que as rotas das drogas sintéticas são muito variadas e que não existe um transporte com grandes quantidades desses entorpecentes, pois eles possuem um alto valor agregado. “Já tivemos apreensões de drogas vinda da região de fronteira, da Bolívia, de Pontes e Lacerda, mas temos drogas sintéticas vindas de São Paulo, de Goiânia.

Não é com facilidade que a gente pega os grandes carregamentos. Geralmente, as drogas sintéticas são de apreensões realizadas aqui dentro da cidade. Se você pegar 200, 300 comprimidos de ecstasy, o valor disso é alto. Então, dificilmente vai ter uma apreensão de 50 mil comprimidos, vai ter de 100, 200 comprimidos, com um comprimido valendo R$ 200, R$ 300.

Os traficantes acabam não se arriscando e nem tendo dinheiro para esse comércio”. Ele explica que o comércio das drogas sintéticas é mais especializado, com uma logística mais habilitada e precisa de uma dissimulação maior.

 

CLASSE ALTA

“A gente sabe que a droga não é uma coisa de periferia. Na verdade, só é mais difícil você chegar nessas classes mais altas”, declara Cibulski, ao explicar que as drogas sintéticas são mais dissimuladas, ou seja, mais fáceis de serem escondidas. Além disso, os envolvidos no comércio do entorpecente, seja o traficante ou o usuário, geralmente moram em condomínios de luxo e isso gera mais dificuldades de investigação e monitoramento.

“Então, precisa de um trabalho de investigação mais apurado para chegar até eles, mas a DRE tem chegado bastante. Tivemos várias operações este ano, contra financiadores desse tráfico mais sofisticado e desses traficantes que atuam de forma sofisticada”.

Wilson Cibulski esclarece que nas periferias a Polícia Militar tem uma grande atuação, onde têm as bocas de fumo tradicionais, em casas e becos, por exemplo. Na classe mais alta da sociedade, a distribuição também ocorre por “delivery”.

“Já tivemos prisões que a pessoa coloca no perfil dela de Whatsapp, naqueles Reels (do Instagram), a droga que tem no dia, com códigos e ali é fornecida de forma delivery.

Às vezes, até se utilizando de um serviço de Uber ou de outros serviços de entrega de encomendas que, muitas vezes, aquela pessoa que está fazendo aquela entrega nem está sabendo que aquilo é droga”. O delegado ainda aponta que a supermaconha, também conhecida como skunk, tem uma grande distribuição para o interior do Estado e os criminosos utilizam os Correios e transportadoras para distribuir a droga.

 

ALTOS VALORES

O delegado Wilson Cibulski explica que as drogas sintéticas, como LSD, ecstasy, anfetaminas, entre muitas outras, têm valores de mercado muito acima das drogas mais comuns. Ele exemplifica no tráfico de maconha. Na periferia, 40 gramas do entorpecente mais comum pode custar em torno de R$ 100, quando a mesma quantidade de skunk, a supermaconha, custa em média R$ 500.

Isso significa que essas drogas são mais comuns nas classes mais altas da sociedade. “A gente vê, por exemplo, esses vapes que contêm maconha vendidos a R$ 500. Nas periferias a gente vê porções de maconha e cocaína sendo vendidas a R$ 10, R$ 20. Mas essas variações, um comprimido, às vezes do ecstasy ou do MDMA, está sendo vendido a R$ 200 ou R$ 300. Então, são drogas que as pessoas que consomem estão em uma classe social mais alta”.

O delegado lembra que, nos últimos anos, tem aumentado as apreensões e prisões em condomínios de luxo na grande Cuiabá, pois as investigações têm indicado o tráfico e o consumo dessas drogas, principalmente entre jovens universitários de cursos renomados, como medicina e direito.

Consumidos geralmente em festas, os entorpecentes são levados em frascos, dentro de maquiagens e, dificilmente, a polícia irá localizá-lo durante uma abordagem.

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FONTE/CRÉDITOS: Juliana Alves - GAZETA DIGITAL
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